COMISSÃO DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO REALIZA AÇÃO ESCLARECEDORA COM GRANDES AUTORIDADES DA GINECOLOGIA ESPORTIVA

COMISSÃO DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO REALIZA AÇÃO ESCLARECEDORA COM GRANDES AUTORIDADES DA GINECOLOGIA ESPORTIVA

29 de setembro de 2022

Prevent Senior NewOn

Durante live, ginecologistas do Prevent Senior NewOn esclareceram dúvidas de integrantes da comunidade da Ginástica Brasileira

A Comissão de Ciência e Educação (CCE) realizou mais uma ação bastante esclarecedora: “Pode Perguntar, a Gineco Responde”, que contou com duas grandes autoridades na área: Tathiana Parmigiano, ginecologista do Comitê Olímpico do Brasil há quase 12 anos e do Prevent Senior NewOn e Rosângela Faroni, também ginecologista do esporte e do Prevent Senior NewOn. A mediação foi de Renata Rebello, nutricionista da Seleção Brasileira de Conjunto de Ginástica Rítmica e docente da Universidade Federal de Sergipe.

Durante quase uma hora e meia, as especialistas esclareceram dúvidas de integrantes da comunidade da Ginástica Brasileira.

Segundo Rosângela Faroni, quando se lida com mulheres atletas é necessário conversar com elas e conhecê-las.

“As atletas passam por quatro períodos: o de ovulação, o pré-mestrual, o menstrual e o pós-menstrual. O nível de performance varia de acordo com cada fase. No pós-menstrual, o corpo das atletas apresenta níveis mais altos de estrogênio, o que favorece treinos mais fortes. É comum atletas se queixarem quando competem no período menstrual, mas existem aquelas que até gostam de competir nessa fase. Por isso recomendo que se ouça sempre a sua atleta, e que não se adote um modelo pré-definido, para poder estruturar os treinos da melhor forma”.

Tathiana Parmigiano, uma das maiores referências na ginecologia do esporte no País, reiterou a necessidade de constante diálogo entre treinadoras e atletas, além de observações constantes quanto ao ciclo menstrual. “É normal que, depois da menarca, as meninas fiquem com a menstruação irregular ao longo de dois anos. É um período em que o eixo hormonal está aprendendo a menstruar. É importante anotar a duração dos ciclos, que podem se estender por 24 a 38 dias. Isso é normal. Deve-se prestar atenção também em lesões recorrentes ou que não cicatrizam”.

Rosângela discorreu também sobre as várias opções de contraceptivos disponíveis, além da possibilidade de programação das menstruações. “Quando se fala em anticoncepcionais, antes de mais nada é necessário esclarecer que a atleta deve evitar uma gravidez precoce e indesejada, o que pode afastá-la do esporte por todo um ciclo”.

Por todos esses motivos, as duas ginecologistas salientam a necessidade de que o contraceptivo seja escolhido com base em consultas a uma médica da área. “Não se deve recorrer a informações erradas e sem embasamento científico, que se encontram na internet”, disse Tathiana.

Outro importante ponto abordado na live foi a questão da disponibilidade energética, o resultado da equação entre a energia captada pelo corpo a partir da ingestão de alimentos, e o gasto com o metabolismo basal e a prática esportiva. Quando uma atleta não ingere o suficiente face ao gasto decorrente de treinos e competições, o corpo pode não ter energia para a produção hormonal, interferindo na menstruação: o intervalo do ciclo pode ficar menor, o sangramento pode diminuir ou até parar de ocorrer. Caso a ingesta se mantenha insuficiente, os problemas se agravam com possível acometimento ósseo e maior número de fraturas de estresse.

A Tríade da Mulher Atleta, descrita na literatura médica desde 1992, tem sido entendida, nos últimos anos, de uma forma mais ampla. O conceito mais atual é o RED-S, acrônimo em inglês formado pela expressão Relative Energy Deficiency in Sports. A deficiência energética pode acometer um número maior de sistemas, prejudicando gravemente a saúde da mulher esportista.

“Hoje a Tríade é vista como parte de algo maior que se chama RED-S: deficiência energética relativa no esporte. REDS abrange alterações além da parte menstrual e óssea. Essa disponibilidade energética negativa ou insuficiente pode acometer outros sistemas, como a parte endocrinológica, metabólica, gástrica, psíquica. Então às vezes as meninas não respondem a treino, aumenta o risco de lesão, altera-se o humor, perdem concentração, coordenação”, explica Tathiana.